Sentou-se perto de mim, pedindo licença. Naquele momento passava por ali ao acaso. Presságio?
A minha pergunta nasceu seca, direta e cinza, como meu corpo àquela hora da manhã: o que você procura quando está descrente?
Pobre M., ou afortunado M.
Ele, o cético, o descrente, o ateu, não titubeou.
Não veio com verdades prontas, nem com frases de efeito, tomou-me com respeito e delicadeza pelas mãos, e me deu pedaços vivos de sua história, seus guardados de vida, me levou às relvas de Walt Whitman, aos movimentos de Beethoven, ao menino Jesus de Fernando Pessoa.
Me banhou de luz, e de fé.
Ele foi o mais crente dos crentes.
Eu tenho o dever de seguir.
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