Pai.
Um dia você se deitou ao meu lado na cama e me contou histórias para que eu conseguisse dormir. Era uma época em que meu sono se recusava a aparecer. Era uma época em que descobri apocalipses e senti medo. Mas as suas histórias me embalaram. Por vários dias, meses e anos. Até que um dia você achou que eu já estava grandinha para você se deitar na cama comigo. Mas eu ainda queria as histórias. Então pedia-lhe para contá-las no carro, quando viajávamos de férias. Ah, como eu gostava dessas histórias.
Mas hoje eu quero lhe contar uma história. Não é bem uma história, mas algo que quero lhe dizer. Sabe pai, uma das coisas mais bonitas que aprendi com você, e que por isso guardo muito orgulho de ti, foi uma palavrinha que ressoa pouco no mundo de hoje. É uma palavrinha pequena: ÉTICA. Pequena em sílabas e grande em dimensão. As pessoas hoje pai, se esqueceram dessa palavra. Se esqueceram de praticá-la. O sistema capitalista se apropriou dela distorcendo sua lógica para imprimir-lhe novo caráter. O que vale, para nosso mundão hoje, é a ética capitalista. Só ela te capacita para adentrar com a ferocidade necessária nesse universo do capital. E assim, lá se vai a ética, aquela ética que você me ensinou, pelos bueiros do capitalismo moderno. Ou será pós-moderno? Ou será... ultrapassado?
Um comentário:
Eu também gostava das férias, das histórias e do "chiqueirinho" da belina!! rsrs...
lendo esse post e o outro, lembrei dessas coisas da nossa infância, aí eu vou guardar esse gostinho bom de saudade na boca e nem vou comentar sobre o assunto sério não, tá??
saudaaaaaaaaaade!! ;)
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